terça-feira, 6 de julho de 2010

6 milhões de anos sendo caça e não caçador

A vida nunca foi fácil na África. O berço da espécie humana abriga mais perigos que imaginamos. Que diriam nossos ancestrais!

Diferente do que sempre imaginamos, nossos ancestrais não foram caçadores ferozes, bravos, valentes e superiores; análises de fósseis demostram que nunca estivemos no topo da cadeia alimentar!
Em épocas em que não possuíamos nenhum artefato de defesa, muito menos raciocínio adequado para tal, os perigos eram multiplicados para os hominídeos. Especialmente para Taung, o apelido de um exemplar fóssil de Australopithecus africanus, que viveu na África do Sul há aproximadamente 2,5 milhões de anos.

Taung foi morto quando tinha aproximadamente 3 anos de idade por uma águia africana que, nota-se pela nálise óssea, utilizou suas garras para atravessar os ossos da face para depois "descascar" a carne do pequeno australopiteco, e a ave fez isso de uma maneira muito cuidadosa, pois não deslocou a mandíbula do filhote, deixando-a no mesmo local após o processo.

Mas Taung não foi um caso isolado. Os primatólogos americanos Donna Hart e Robert W. Sussman que observam primatas e predadores vivos e estudam artefatos arquológicos, afirmam que passamos maior parte de nossa história evolutiva sendo caçados e só viramos caçadores eficientes, capazes de nos defender, há algumas dezenas, ou no máximo um par de centenas, de milhares de anos.

Sempre houve de certa forma a idéia de que primatas em geral não seriam tão caçados devido a sua "inteligência superior", porém Har e Sussman após fazerem um levantamento de escritos científicos afirmam o contrário. Há portanto tanta chance de um babuíno ser caçado por leão quanto de um antílope.

E a lista de predadores de primatas é enorme, entre eles está a água coroada africana (Stephanoaetus coronatus) que têm uma técnica de abate e dissecação quase idêntica à águia que matou Taung a 2,5 milhões de anos.


Vídeo de uma águia coroada africana caçando um pequeno primata. NÃO ASSISTIR SE TIVER PROBLEMAS COM CENAS DO GÊNERO.




Mas nem só de macacos esses predadores se alimentam! No leste europeu é comum registros de crianças que são mortas por lobos, principalmente no verão, quando as lobas precisam de comida fácil para seus filhotes.

Outros registros fósseis de australopitecos mostram buracos na calota craniana compatíveis com o tamanho da mandíbula de leopardos. Além disso, foram encotradas marcas atribuídas a felinos, principalmente leões, em fósseis de Homo erectus que viveram há aproximadamente 1,8 milhões de anos, tinham o corpo mais semelhante com o nosso, mas com cérebro cerca de um terço menor.

No síto arqueológico de Zhoukoudian, perto de Pequim (um dos sítios mais importantes de H. erectus) alguns fósseis foram encontrados com o crânio dilacerado por hienas! Ossos quebrados e dentadas na base craniana para facilitar o acesso aos miolos ricos em gordura são exemplos da maneira bruta, e de certa forma astuta, que nossos ancestrais eram caçados.

Nossa capacidade de caçar animais grandes, tal como a de se defender dos mesmos, apareceram tardiamente. O uso de lanças tem 400 mil anos, a caça de grandes herbívoros tem menos de 200 mil anos e só se fortaleceu mesmo com a chegada de hominídeos à Europa há apenas 40 mil anos. Sendo que existem hominídeos há cerca de 6 milhões de anos.

Esses estudos ajudam de certa forma a despirmos a arrogânica humana perante a outros animais que podem não ter o encéfalo tão desenvolvido, nem ter racicínio, mas dominaram a natureza muito mais que nós nesses anos todos de história humana.

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